sexta-feira, 22 de junho de 2007

POEMA Nº 1

Não é possível medir palmo a palmo
a profundidade de uma erosão,
porque torna-se maior
à medida em que as mãos
retiram punhados de terra,
partes de sentimentos áridos,
e os lançam à borda.

Fosse noite, sentiria seu sono
dilatando,
repousando
de sonhos.
Fosse dia, nenhuma estrela
permaneceria acordada,
com olhares longos,
fugindo do tempo.

E pensar que a mesa de carvalho
tem sobre si mais que recordações.
Tem sobre si o vento
das respirações concentradas
e
as marcas de cotovelos impróprios.

Quando, juntos, construíamos navios,
armadores
amadores,
deslizávamos pelo mar bravio,
à procura de constelações de peixes.

Permitir que o espaço seja uma moradia,
sem limites,
sem paredes invisíveis,
sem o teto jugular,
vivendo sob o solo convertido em céu.



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